Após meses de investigação e um julgamento marcado por provas contundentes, quatro pessoas foram condenadas pelo assassinato de Hiago Anthony Rosa Glufke, conhecido como “Grilo”.
O caso, considerado um dos mais violentos já registrados em São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina, revelou a atuação de uma célula do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) na região.
Desaparecimento e descoberta macabra
Hiago desapareceu em 14 de outubro de 2023, depois de participar do “Baile do Tubarão”.
Familiares procuraram a polícia diante de indícios de que ele havia sido morto por causa de dívidas com a facção.
Pouco tempo depois, um vídeo gravado pelos próprios criminosos confirmou a execução: a vítima foi decapitada, esquartejada e enterrada em uma área de mata no bairro Majorca.
No fim do mesmo mês, dois braços humanos foram localizados no bairro Sandra Regina.
Perícias identificaram que pertenciam a Hiago, confirmando a crueldade do crime.
A estratégia dos criminosos, segundo a polícia, era confundir familiares e autoridades sobre o paradeiro do corpo.
Condenações
O julgamento terminou com quatro condenações:
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João Paulo Almeida Sagaz de Camargo (“Mata Rindo”) e Lucas Maciel de Carvalho (“Cruel”) receberam penas de 21 anos e 4 meses cada pelo homicídio qualificado. Lucas também foi condenado por integrar organização criminosa, elevando sua pena para 23 anos.
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Israel Probsky Marcilliano (“Menor”) foi sentenciado a mais de 23 anos de prisão por homicídio, liderança no grupo criminoso e porte de armas.
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Diogo Henrique Garcia de Oliveira (“Obongo” ou “Menor Tralha”) foi absolvido do homicídio, mas condenado por envolvimento com a facção e porte de arma, recebendo 4 anos e 6 meses de prisão.
Estrutura criminosa
As investigações mostraram que os réus faziam parte do “Bonde do Rigor”, núcleo do PGC voltado para execuções, punições internas e cobranças.
Lucas ocupava o posto de “Disciplina Geral” da facção em São Francisco do Sul, enquanto Israel, ainda adolescente na época, já ostentava armas e comandava ações no bairro Majorca.
Interceptações também apontaram João Paulo como responsável pelo recolhimento do “dízimo” — contribuição financeira dos integrantes.
O grupo ainda usava redes sociais para exibir drogas e armas, demonstrando poder e intimidação.
Impacto do caso
A confirmação da identidade da vítima, por meio de tatuagens e laudos periciais, foi fundamental para as condenações.
O crime gerou forte comoção em toda a cidade e chamou a atenção para a presença organizada e violenta do PGC em Santa Catarina.
Para as autoridades, a condenação representa um avanço contra o crime organizado, mas também um alerta sobre a força e a estrutura de facções atuantes no Estado.