Márcio Vicari, ex-vice-presidente da OAB/SC e hoje candidato a uma vaga no quinto constitucional, decidiu desistir de um processo que ele próprio movia contra a entidade da qual foi dirigente. A manobra ocorreu quando a ação já estava em fase avançada, com perícia em andamento, o que abriu espaço para questionamentos jurídicos e políticos.
Nos corredores da advocacia, a leitura é de que Vicari buscou apagar um constrangimento: como disputar uma cadeira no Tribunal de Justiça indicado pela OAB enquanto mantinha litígio contra ela? A tentativa, no entanto, pode não surtir o efeito desejado. Se a desistência não for homologada, ele ainda poderá ser condenado a pagar honorários em favor da própria Ordem.
Mais que isso: o pedido de desistência coloca os dirigentes da OAB em xeque. Caso o atual presidente, Juliano Mandelli, aceite a renúncia, estará abrindo mão de honorários sucumbenciais vultosos já garantidos em favor da instituição, o que pode ensejar responsabilização pessoal pela prática do ato.
O gesto, longe de encerrar o desgaste, pode se transformar em um tiro no pé. Em vez de pacificar os bastidores, reacendeu críticas e ampliou o ruído em torno de sua candidatura ao quinto. No meio jurídico, já há quem diga que Vicari colocou os pés pelas mãos e entregou munição de sobra aos concorrentes.