Um homem de 28 anos, identificado como Jhonatan Ferreira de Araujo, foi condenado nesta quinta-feira (16) a 34 anos, um mês e 10 dias de prisão em regime fechado pelo assassinato e estupro de Fernanda Aline Reinard, de 25 anos, ocorrido em março de 2024, em Blumenau, no Vale do Itajaí.
O caso, marcado por extrema violência, revelou também falhas graves no sistema judicial que permitiram que o criminoso voltasse a matar.
Segundo feminicídio do mesmo autor
Antes de tirar a vida de Fernanda, Jhonatan já havia sido condenado por outro feminicídio, ocorrido em Joinville, em 2021.
A vítima, Vanessa de Lima, também tinha 25 anos.
Apesar da condenação, ele estava em liberdade provisória quando cometeu o segundo crime, devido à demora em perícias e decisões judiciais relacionadas ao processo anterior.
Crime brutal em Blumenau
Conforme a investigação da Polícia Civil, Jhonatan invadiu a residência de Fernanda durante a madrugada, golpeou o pescoço da vítima com uma faca, a estuprou enquanto estava desacordada e, em seguida, a estrangulou com o fio de uma extensão de ventilador.
Após o crime, furtou objetos da casa e fugiu.
O Tribunal do Júri de Blumenau reconheceu os crimes de homicídio qualificado — com agravantes de motivo torpe, meio cruel, asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio — além de estupro e furto durante o repouso noturno.
O primeiro crime: Joinville, 2021
Três anos antes, em julho de 2021, Jhonatan assassinou Vanessa de Lima com 14 facadas no rosto e no pescoço, dentro do apartamento onde moravam juntos havia apenas 15 dias, no bairro Paranaguamirim, em Joinville.
O crime ocorreu na frente do filho da vítima, de 1 ano e 8 meses.
O bebê foi encontrado vagando sozinho pelo condomínio, o que levou vizinhos a descobrirem o corpo da mãe.
Em novembro de 2024, o réu foi condenado a 36 anos, 10 meses e 24 dias de prisão por homicídio triplamente qualificado, além de uma pena adicional por fraude processual — já que tentou alterar a cena do crime.
Por que ele estava solto
A libertação de Jhonatan ocorreu em fevereiro de 2023, por decisão da Vara do Tribunal do Júri de Joinville.
O juiz alegou que o acusado já estava preso há mais de um ano sem julgamento, e que não poderia permanecer detido preventivamente por tempo indeterminado.
O atraso no processo ocorreu devido à demora na conclusão de exames periciais e testes de DNA.
Um dos laudos, que deveria comparar o material biológico encontrado na vítima com o do acusado, demorou meses para ser finalizado.
Quando o resultado finalmente saiu, em junho de 2023, o DNA não era compatível — mas havia outras provas sólidas apontando Jhonatan como autor do crime.
Mesmo assim, o tempo perdido foi suficiente para que ele voltasse às ruas e cometesse outro assassinato.
Uma tragédia que poderia ter sido evitada
Poucos meses após recuperar a liberdade, Jhonatan voltou a agir com o mesmo padrão de crueldade: invadiu a casa de uma mulher, a atacou com uma faca, cometeu estupro e a matou.
O caso gerou indignação e críticas à lentidão do sistema judicial, que acabou permitindo a reincidência de um criminoso condenado por feminicídio.
Com as duas condenações, Jhonatan Ferreira de Araujo soma mais de 70 anos de prisão por dois assassinatos brutais cometidos em Santa Catarina — ambos marcados pela violência extrema e pela falha das instituições em impedir novas mortes.